quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cuidado: Quadrinhos nas escolas!


Nós vamos ao cinema e sabemos que existem filmes para adultos e para crianças. Adultos podem assistir a Monstros vs. Aliens, mas crianças ainda não podem assistir a Cidade de Deus, Paixão de Cristo ou Jackass, por exemplo.

Nós já lemos Chapeuzinho Vermelho, mas nossos filhos ainda não podem ler Desespero de Stephen King ou Um Copo de Cólera de Raduan Nassar.

Bom! Dito isso, vamos ao tema desta postagem: a matéria divulgada no jornal Folha de São Paulo, na terça-feira (19/05) e os comentários infelizes divulgados na mídia, principalmente a declaração de José Serra, governador de São Paulo.

Para quem não sabe, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo distribuiu o álbum Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol, da editora Via Lettera, a escolas para ser usado como material de apoio por alunos da terceira série do ensino fundamental.

A matéria do jornal, intitulada "SP distribui a escolas livro com palavrões", revela que o governo de São Paulo comprou um álbum em quadrinhos com palavrões e conotação sexual.

O problema é que o livro foi indicado para o programa Ler e Escrever para alunos da terceira série do ensino fundamental! Não se sabe ainda quem foi o Zé-Mané que cometeu tal erro. Mas a editora tem uma boa parcela de culpa, já que foi quem vendeu os álbuns e ainda estampou na capa o selo do MEC.

Para piorar, o governador José Serra disse no SPTV 1ª edição, da Globo, que o álbum é de “muito mau gosto”, criticando os artistas e a editora. Ou seja, mais uma vez, os quadrinhos são vistos com maus olhos pela sociedade. O problema da indicação errada para o programa Ler e Escrever foi transferido para o gênero “Histórias em Quadrinhos”. Pelo amor de Deus! Tive de dormir com mais essa, entalada na garganta!

É por isso que comecei a abordar os filmes no início deste texto. Do mesmo modo que existem filmes para adultos e crianças, também há quadrinhos para adultos e crianças. O certo é conhecer uma obra antes de indicá-la para alguém! Está na cara que o álbum da Via Lettera não é para crianças! O conteúdo (tem palavrões sim, e dái?) é para adultos! Já imaginou o personagem do filme Cidade de Deus dizer: “Meu nome é Zé Pequeno, bobo”?

2 comentários:

Carol Sakurá 25 de maio de 2009 às 07:26  

Parabéns Lost!
Concordo que o problema está como se aborda,pois nossos "pequenos"estão aí nesse mundo e infelizmente esses termos fazem parte do mundo deles.Bom, isto levaria uma grande discussão,não é mesmo?
Abraço!
Rouge

Diógenes 5 de junho de 2009 às 21:01  

Oi LB,

Gostei muito do seu texto e concordo com sua indignação. Creio que, como educadores, temos que ter cuidado com tudo o que falamos ou mostramos, pois estamos de certo modo ajudando a “criar” uma personalidade.

A interação social escolar é massiva e todos sabem que uma criança tem na sua própria sala a primeira mostra real do que é “viver em conjunto”. Entretanto, algumas coisas podem sim ficar para “depois”.

Bem, isso dito, eu acredito que os quadrinhos tem que ser inseridos na sala de aula, seja pelo modo como trabalham com situações do cotidiano, seja pela alternativa que oferecem aos (ainda) canônicos livros escolares, seja pelo simples fato de que arte não tem idade, sexo, cor...

Quanto ao Zé Mané que escolheu os quadrinhos...se você souber quem é, você me conta? Aliás...estive pensando e acho que você foi muito 2º ano do Ensino Básico ao chamá-lo apenas de “Zé Mané”...vamos colocar um “Ensino Médio” nesse cara? :-)

Dr. Dio Balladeiro

P.S.: Ah Rouge! "Infelizmente"...sei não, hein!

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