quarta-feira, 29 de abril de 2009

Erros de português na mídia

É preciso comentar sobre alguns casos de desrespeito com a nossa língua portuguesa. Não é segredo nenhum que, hoje em dia, muitos usuários costumam baixar filmes e seriados pela internet. Existem blogs que disponibilizam episódios de séries assim que terminam de serem exibidos em outros países, acrescentando uma legenda feita às pressas e sem revisão nenhuma. Ao mesmo tempo em que sou contra a iniciativa, também sou a favor. É muita cara-de-pau a minha, né! Sou contra porque é politicamente correto dizer que sou. Sou contra, pois desrespeita os direitos de autores, blábláblá, esse papo que todo mundo conhece. Mas sou a favor, pois nos permite conhecer coisas que nunca vão chegar ao Brasil, seja porque gravadoras, editoras, canais de televisão ou locadoras não se interessam ou porque já são muito antigas e raras, difíceis de se encontrar à venda ou locação.

Mas o assunto deste post é outro: os inúmeros erros de português ou de tradução que encontramos não só na maioria desses produtos piratas, mas também nos produtos ORIGINAIS!!! Eu fico muito puto quando vejo erros de português propagados justamente naquilo que mais atrai a molecada, que precisa gostar de escrever corretamente. Se em filmes e livros, podemos perceber o descuido com a língua portuguesa (que utilizamos a toda hora), como vamos convencer as crianças de que precisam escrever corretamente?

Querem um exemplo? Leiam as primeiras edições da Turma da Mônica Jovem e percebam como são toscas as gírias que o titio Maurício de Souza resolveu propagar pelas páginas de uma publicação que não parou de crescer em tiragem, ganhou destaque na imprensa de todo o Brasil e figurou na lista de mais vendidos do jornal “O Estado de São Paulo”. Custa o Maurício de Souza usar o poder que tem para propagar entre os jovens que “irado”, “doido”, “cabuloso” ou “da hora” é evitar falar e escrever errado? Apesar disso, não quero criticar o Maurício de Souza, pois sua equipe também produz muitos outros materiais educacionais, como edições especiais sobre meio ambiente, datas comemorativas, diferenças sociais e outros temas. Nem quero entrar em outros assuntos de discriminação lingüística, pois sei que os termos “errado” e “certo” já são discriminadores.

Cansei de ver resenhas que apontam os erros de português de outras publicações de quadrinhos que são bem mais graves. Mas para não ficar só no campo da mídia impressa, vou sugerir um blog (clique aqui para acessar) que aponta alguns erros nas legendas de filmes. Muito interessante!

Qualquer um tem o direito de aprender a ler e escrever bem. Portanto, não há razão para “glamourizar” formas incorretas de escrita das palavras de nossa língua, seja pela Internet ou por qualquer outro veículo. Basta! Se o povo não respeitar nem a língua que utiliza, como é que vai respeitar alguma coisa nesse país?

5 comentários:

Carol Sakurá 29 de abril de 2009 às 11:35  

Pois é...
Basta não desistirmos de calçar a sandália de prata e caminhar pela preservação da nossa lingua.
Parabéns pelo texto!
Rouge

Diógenes 30 de abril de 2009 às 09:21  
Este comentário foi removido pelo autor.
Diógenes 30 de abril de 2009 às 09:23  
Este comentário foi removido pelo autor.
Diógenes 30 de abril de 2009 às 09:26  

Meu caro,

É realmente um bom texto, e com certeza você tem aí alguns pontos bem interessantes.

Bem, primeiramente discordo quando diz ter um lado positivo sobre a pirataria. Creio que isso é roubo, deslavado e sem desculpas. Sei que eu mesmo sou um “pirata”, mas sei que estou fazendo algo errado e sem muito me importar com os tais “direitos autorais”, que sempre devem ser respeitados.

Quanto à questão da língua padrão...bem, “toscas” ou não, gírias existiram, existem e existirão. Óbvio que não precisamos todos usá-las, mais elas fazem parte de um conteúdo sistêmico muito intricado que é utilizado por milhões de pessoas: a língua portuguesa falada no Brasil (só para ilustrar).

Concordo que “qualquer um tem o direito de aprender a ler e escrever bem”, mas também tem o direito de não “falar bem”. Para finalizar, somos produtos de uma grande mistura de fatos e fatores e a língua é apenas um deles. A língua nos molda, caracteriza, identifica...e é através dela que expressamos quem e o que somos. Bem, se somos “uns doidão chei de nói” ou “rebuscados falantes literatos” não importa, o que importa mesmo é sabermos que essa diferença é crucial e necessária para fazer de nós o que somos: seres...às vezes humanos.

Um abraço,
Dr. Dio Balladeiro

P.S.: Atente para o fato de eu não discorrer sobre erros de edição, revisão e impressão. Creio que esses sim deveriam ser banidos. Há ainda aqueles erros que são feitos por tradutores mal preparados e que não deveriam ir ao ar...mas créditos devem ser dados para aqueles que conseguem “traduzir” de modo que o produto final ainda tenha consistência e verdade. E salve a “pequena Polegar”!

Eric Ricardo 1 de maio de 2009 às 05:25  

É... Eu sabia que esta postagem seria polêmica. Concordo com tudo que você disse. Também acredito que não pode ser imposta uma única maneira de falar e escrever, apostando que esta seja a melhor. Para cada situação diferente, há uma maneira diferente de se utilizar nossa língua.

Sou a favor do caipira que, no seu contexto e com seu modo de falar, consegue utilizar sua língua com eficácia. Assim como o empresário que, no meio empresarial, precisa rebuscar sua fala de um jeito que (talvez) não funcionaria em casa, com seus filhos.

Acho que, para criticar as legendas e traduções erradas que já vi por aí, junto com outros erros impressos por aí, levei a crítica para outros patamares e realmente, escorreguei. Parabéns pelo seu comentário! Parabéns mesmo!

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