sexta-feira, 5 de junho de 2009

Agir et réagir




Inclusão social é uma realidade?

Manhã de sexta-feira, vários afazeres, expectativas para descanso e divertimento. Logo recorro ao jornal, primeira atividade do dia: buscar informações. Em meio a notícias de programações culturais, investigações policiais e acontecimentos globais encontro uma notícia com o título: Grupo de mães faz abaixo-assinado para tirar menino com deficiência de escola(Luciane Evans/Estado de Minas).
Rapidamente cliquei no link, pois a matéria relaciona-se a minha área de atuação e interesse. A matéria continha a seguinte notícia:

Para a mãe, B., de apenas 4 anos, é o príncipe azul. Para os educadores da escola onde o menino estuda, ele é sinônimo de afetividade. No entanto, para um grupo de pais de alunos, o garoto representa perigo, ameaça e até mesmo risco de vida para os filhos. A criança, que está no meio de uma briga em que sobram acusações de intolerância e preconceito, é portadora de uma deficiência que afeta a comunicação e o desenvolvimento. Nem por isso deixou de estudar na escola Pólo Eustáquio Júnio Matosinhos, de Contagem, na Grande Belo Horizonte, onde divide a sala de aula com colegas da mesma idade, portadores de deficiência ou não. Há duas semanas, essa inclusão tornou-se problema para um grupo formado por 20 mães... Alegando que o menino é agressivo com os demais colegas, as mulheres, sob argumento de proteger os próprios filhos, recolheram assinaturas e procuraram o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente do município e a Secretaria Municipal de Educação, exigindo medidas eficazes para o comportamento do garoto.(http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2009/06/05/em_noticia_interna,id_sessao=2&id_noticia=113312/em_noticia_interna.shtml).

Sentimento de indignação! Não apenas a atitude repugnante das mães discriminadoras, mas à política de educação que não abrange um trabalho eficiente de inclusão.
Inclusão social não é apenas "jogar" as crianças na escola regular sem nenhum preparo. Durante o período da graduação em Letras estagiei por dois anos na prefeitura de Belo Horizonte compreendendo a alfabetização aos alunos portadores de necessidades especiais. É uma área encantadora ,que sem demagogia, permite aqueles que são considerados”normais” a verdadeira gratuidade do amor.
Entretanto, nem a comunidade, a escola, professores, alunos estão preparados para lidar com este universo.
A problemática então, está na falta de um sistema de qualidade, um trabalho de inserção da ambiência escolar à realidade dos deficientes para que haja um verdadeiro projeto de inclusão.
A declaração de Salamanca da ONU diz em um dos seus pontos:
“escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.”

A educação inclusiva não é um ato de generosidade e sim uma adequação da escola as diversas realidades.
O problema é mais complexo.
Que possamos refletir e agir!


**termos em francês:relacionar-se,interagir.**


4 comentários:

Diógenes 5 de junho de 2009 às 20:46  

Olá Rouge,

Você realmente tem um ponto bem interessante de discussão. Concordo quando você diz que “Inclusão social não é apenas ‘jogar’ as crianças na escola regular sem nenhum preparo”. Penso que este “preparo”, que obviamente está ligado à estrutura pedagógica da escola, tem que existir para que haja uma aceitação total de crianças com necessidades especiais.

Creio que quando temos no ambiente escolar uma “política de educação que não abrange um trabalho eficiente de inclusão” o resultado é medo e preconceito. Medo porque as pessoas não gostam do que não conhecem e preconceito porque nossa sociedade (inclusive eu, meus coordenadores, meus alunos, meus colegas, meus amigos) está impregnada pelo sentimento amargo da unidade, da igualdade.

Amargo porque pensamos, creio eu, que todos temos que ser exatamente do mesmo modo. Valores...ah, os tão “odiáveis” valores. A vice-diretora da escola, Leila Doris, disse que “atualmente, temos quatro portadores de deficiência aqui e retirá-los seria justamente ir contra o que lutamos”. Deste modo: lutemos!!!

Só não podemos nos esquecer pelo que estamos lutando! Vale relembrar que Educação não é (só) o que está no livro, mas tudo, tudo, que nos rodeia. Incluindo a inclusão.

Dr. Dio Balladeiro

P.S.: Escrevi acima que os valores são odiáveis, mas, por favor, leia que eles só o são quando deixam de lado a importância que tem como heróis e assumem seus papéis como algozes (e isso acontece quando “um” alguém resolve direcioná-los no curso errado).

Carol Sakurá 6 de junho de 2009 às 06:25  

Sir,
Exatamente!
Já até conversamos e rimos sobre isso.Lembra?
Vc tem um aluno de educação inclusiva,não é mesmo?
Concordo que estes "valores" muitas vezes são algozes.
Bom,vc me conhece e sabe como penso.
Viva a luta pela tolerência as todas diversidades!
heheeheh...
Bjo no coração!

Eric Ricardo 8 de junho de 2009 às 08:26  

É tão bom saber que ainda existem pessoas dispostas a lutar por coisas que dizem respeito à minoria, mas que refletem em toda a sociedade...

Incluindo essas crianças, estamos melhorando o futuro de toda uma estrutura, cujos elementos são totalmente independentes um do outro, mesmo que não percebamos.

Parabéns pelo post!

Carol Sakurá 8 de junho de 2009 às 11:34  

Lost,
Obrigada pelo coment!
Saiba que vc é minha inspiração sempre!
Quietinho e olhando pro alvo sempre alcaçamos não é mesmo?
Viva as diversidades!
Bjo!

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