sábado, 13 de dezembro de 2008

A cura e a loucura

Ontem, hoje, nem sei quando, fui ao cinema com dois amigos tão loucos quanto eu. O dia tinha sido muito moroso e eu quis terminá-lo de forma amena. Compramos o que queríamos e fomos nós, como colegiais barulhentos, nos empoleirando nas fileiras da sala quatro.

O título do filme parecia ter agradado, fiquei olhando as cadeiras sendo ocupadas, uma a uma, e de repente o que havia sobrado eram umas poucas que intercalavam os pequenos grupos de amigos e casais, e é claro os solitários.

Pois bem, eis que havia um desses fulanos ao meu lado. Intercalado, obviamente. Sujeito alto, inquieto, falante ­− para meu desespero. Penso no que faz alguém ir ao cinema sozinho e consigo encontrar dúzias de motivos. Penso no que faz esse alguém querer encontrar um amigo bem ali, naquela sala, naquele horário, ao meu lado e o que me vem à mente é apenas loucura.

Assisti ao filme. Vi tudo. No entanto, ele, o louco, a intervalos cada vez mais curtos olhava para o meu lado e comentava cenas que via: “olha só, ele sem arma”; “isso não acontece comigo”; “ah eu lá”.

Estalei o pescoço. Ele perguntou: “quebrou?”. Eu olhei para o lado e por um instante o vi, em si mesmo. Olhei bem para ele e vi que a esperança da amizade se acendia, vi seus olhos que mantinham a pergunta. Estreitei bem os meus e aí vi também que um sorriso se alargava em sua cara grande. Fiquei assim mais um momento e depois virei para frente.

Pronto.

Estava curada a loucura. Nem um pio, louco. Nem um pio.

Hasta,
Dr. Dio Balladeiro

2 comentários:

Carol Sakurá 13 de dezembro de 2008 às 09:13  

Impertinência do ser ou uma manifestação surrealista?
Sem comentários...kkk
Sua doçura atrai..sempre!
beijos!

Eric Ricardo 13 de dezembro de 2008 às 13:33  

Filme é sempre assim: o final surpreende, nuca termina como esperávamos. Bom, alguns são assim...

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